Grandes Estádios ou serviços de qualidade, porque não os dois?
- alexandreareas
- 11 de set. de 2014
- 3 min de leitura
Li a recente postagem hoje nas redes sociais “Estádio Centenário de Montevidéu. Não tem cobertura, as cadeiras são de cimento e o placar é manual. Feliz a nação em que os estádios são horrorosos e a saúde e educação são públicas e de qualidade.” A partir daí me veio uma reflexão profunda sobre o assunto.
Seria realmente necessária a construção de mega estádios no Brasil? A minha resposta é sim! Se considerarmos a necessidade de recebermos o maior evento esportivo do mundo, referência para todos os demais eventos esportivos nas outras modalidades e aonde os olhos do mundo estariam voltados para nós, sim.
Passado o efeito Copa do Mundo, percebemos que nossos serviços de educação, saúde e cultura continuam aquém do ideal, longe de sermos referência, assim como somos no futebol e outras modalidades, tendo muito ainda a ser feito. Porém, em relação ao Esporte, estamos sim sendo uma referência, positiva no que tange as infraestruturas esportivas e alguns resultados competitivos, mas negativa no que diz respeito a sua massificação.

Estamos em vias de recebermos os Jogos Olímpicos de Verão e a população não tem sequer a oportunidade de conhecer e vivenciar as modalidades esportivas que serão disputadas. Considero como um dos principais fatores a falta de espaços públicos apropriados para esta massificação, quando existem, a burocratização para o acesso a estes muitas das vezes é enorme e nas escolas, clubes e periferias o que se vê é a utilização do esporte como meio de evocação do espírito competitivo extremo, não sobrando espaço para o mais fraco, o gordinho, o portador de necessidades especiais, o baixinho, enfim, os fora do padrão determinado pela competição.
Como podemos pensar em esporte de referência e massificação tendo este quadro atual no País?
O esporte é, dentre outras coisas, uma ferramenta de inclusão social e formação cidadã, por si só, sem o trabalho conjunto o resultado fica dificultado. Porém, quando se faz em parceria com as áreas de Educação, Cultura, Saúde, entre outras, os resultados vem naturalmente. Sejam eles sociais ou não.
Mais valor ainda do que os resultados competitivos estão o desenvolvimento social esportivo, cultural, melhorias para a saúde e o rendimento escolar, papel este que o poder público deve assumir como prioridade, deixando o foco da profissionalização e da competição de alto nível a cargo das Federações, Ligas, Confederações, Clubes, Associações e demais seguimentos.
Cabe ainda massificar a prática através de políticas públicas voltadas à inclusão e participação coletiva, além de oferecer espaços esportivos de qualidade e infraestrutura adequada de material esportivo e humano.
Temos visto várias tentativas louváveis e diversos programas públicos de esporte e lazer voltados a esta finalidade, mas em sua maioria, ainda discretos diante da demanda reprimida.
Desta forma o problema muita das vezes não está nos Mega Estádios, mas sim na enorme lacuna entre o Esporte Profissional e o Social. Nos estádios aparecem os ídolos, aqueles que servem de exemplo e espelho para as crianças e jovens, que quando bem trabalhados podem servir de referência positiva despertando os valores positivos do esporte para a vida cotidiana. Além disso eles trazem divisas, intercâmbios, investimentos e retorno financeiro.
Portanto entendo que os Mega Estádios se bem trabalhados, tem também seu papel social, desde que estes recursos que a grande mídia esportiva gera sejam voltados realmente a um trabalho sério focado no desenvolvimento da saúde, educação, cultura, qualidade de vida e lazer, áreas estas que o esporte tem papel de destaque. Alexandre Arêas
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